domingo, 14 de dezembro de 2008

Evolução biológica - Fixismo e Evolucionismo

Para interpretar a diversidade dos seres vivos surgiram diversas teorias. Pode-se separar as teorias em teorias fixistas e evolucionistas.
Durante milhares de anos o Fixismo prevaleceu, sem que algo se lhe opusesse. Essa perspectiva defendia que os seres vivos uma vez surgidos se mantinham imutáveis ao longo do tempo. Estas perpectivas eram influenciadas pela religião, acreditando-se que os seres vivos foram o resultado de um acto de criação divina, mantendo-se inalterados ao longo do tempo (criacionismo), as espécies eram fixas e imutáveis. O aprofundamento do estudo da Paleontologia gerou a Teoria Catastrofista, proposta por Cuvier que defendia que uma sucessão de catástrofes teria conduzido à destruição de seres vivos em determinadas áreas. Alguns catastrofistas consideravam que as catástrofes teriam um alcance global e eram seguidas de novos actos de criação. Outra perspectiva fixista é a teoria da criação espontânea, em que as espécies são geradas a partir de matéria inerte.
Apesar da força das ideias fixistas, no século XIX transita-se para uma visão evolucionista ou transformista, admitindo-se que as espécies se alteram de uma forma lenta e progressiva ao longo do tempo, originando outras espécies partindo de um ancestral comum.
As entidades mais importantes que contribuíram para o aprofundamento desta perspectiva evolucionista foram Lamarck e Darwin. Aqui irei falar das teorias que estes defendiam.
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Lamarckismo


Lamarck defendeu ideias evolucionistas apresentando uma explicação coerente acerca da origem das espécies em 1809. Este admitia uma progressão constante e gradual dos organismos mais simples para os mais complexos. Essa progressão ocorreria segundo dois princípios:

Lei do uso e do desuso: segundo Lamarck, o ambiente é o principal agente responsável pela evolução dos seres vivos. A necessidade que os seres sentem de se adaptar a novas condições ambientais conduz ao uso ou ao desuso contínuo de certos órgãos. Assim, a função que o órgão desempenha acabará por determinar a sua estrutura como forma de adaptação ao meio. Exemplos disso são a Toupeira, que por viver debaixo da terra faz pouco uso da visão, o que torna os seus olhos pequenos e pouco funcionais. Neste caso por influência do meio ocorreu atrofia do órgão. Outro exemplo é o das girafas.


Lei da herança de caracteres adquiridos: esta lei defende que as transformações sofridas eram transmitidas à descendência. Essas pequenas transformações, ao acumularem-se ao longo de gerações sucessivas, provocariam o aparecimento de novas espécies, sendo o principal factor de evolução.

No entanto existiram críticas à perspectiva Lamarckista que mantiveram as ideias evolucionistas afastadas durante anos. O facto das espécies se adaptarem a novos ambientes de forma a atingir a perfeição procurando sempre “o melhor” é uma dessas críticas, uma vez que fornece um carácter animista. Outra crítica é o facto das características não serem transmitidas aos descendentes, uma vez que hoje em dia já se sabe que nenhuma alteração dos órgãos provocada por factores ambientais se transmite à descendência. As únicas alterações transmitidas à descendência são as que modificam o material genético dos gâmetas. Esta crítica foi comprovada devido à esperiência realizada por Weismann em 1880, em que cortou as caudas de ratos ao longo de 22 gerações, tendo todos os descendentes nascido com cauda normal.


Darwinismo

O evolucionismo acabou por se impôr no mundo científico graças a Charles Darwin, em virtude, sobretudo, dos dados recolhidos durante uma viagem de circum-navegação a bordo do Beagle no séc. XIX. As observações efectuadas, em especial no arquipélago dos Galápagos, permitiram a Darwin propor a selecção natural como mecanismo essencial que dirige a evolução. Os dados em que se baseou Darwin foram de natureza geológica e biológica. Esta imagem mostra o trajecto da viagem no Beagle.


Dados geológicos

Darwin teve em conta a origem e a localização dos fósseis, fenómenos vulcânicos, e o tempo geológico e o uniformitarismo.
A personalidade que mais influenciou Darwin considera-se ter sido Charles Lyell, que estabeleceu os seguintes princípios:
-As leis naturais são constantes no espaço e no tempo;
-Deve-se explicar o passado a partir dos dados do presente;
-As mudanças geológicas que ocorreram na Terra foram lentas e graduais;

Dados da biogeografia


Ao chegar às ilhas Galápagos Darwin ficou especialmente impressionado com as tartarugas e com um grupo de aves chamadas tentilhões. Relativamente às diferentes variedades de tartarugas, Darwin conclui que apesar da diferenciação estes animais eram extraordinariamente semelhantes entre si, fazendo supor que tenham tido uma origem comum.
Os tentilhões, apesar de serem diversos, também eram suficientemente parecidos entre si, admitindo-se que terão tido um ancestral comum. Estes animais, no entanto, distinguiam-se sobretudo pelo tamanho, cor, forma de bico, o que estaria associado ao tipo de alimentação que cada um possuía.
Depois das várias observações, Darwin conclui que as ilhas foram provavelmente povoadas a partir do continente americano e as características particulares de cada ilha condicionaram a evolução de cada espécie, daí a sua diferenciação.

Selecção artificial e selecção artificial

Darwin, como criador de pombos, percebeu que se pode intervir directamente em processos de selecção artificial dos animais, controlando-se os cruzamentos entre estes de forma a seleccionar as características que mais deseja. Ao fim de gerações, os descendentes obtidos são diferentes dos seus ancestrais. Darwin pensou que, se se pode obter tanta diversidade por selecção artificial, é possível que ocorra na Natureza uma selecção consumada pelos factores ambientais, designada por selecção natural.

A selecção natural considera-se um processo em que, os seres vivos mais aptos sobrevivem e espalham na Natureza os caracteres mais favoráveis. Deverá ocorrer uma luta pela sobrevivência durante a qual serão eliminados os menos aptos. Esta teoria pode-se sistematizar em pontos fundamentais:
- Todas as espécies apresentam, dentro de uma dada população, indivíduos com pequenas variações nas suas características, como por exemplo, na forma, tamanho ou cor (variabilidade intra especifica);
- Uma vez que as espécies originam mais descendentes do que aqueles que podem sobreviver (superprodução de descendentes), os descendentes que possuem variações vantajosas, relativamente ao meio em que se encontram, têm maior taxa de sobrevivência (sobrevivência diferencial). Nesta luta pela sobrevivência são eliminados os indivíduos que possuem variações desfavoráveis (mortalidade diferencial);
- Através deste mecanismo de selecção natural, o ambiente condiciona a sobrevivência dos diferentes indivíduos da população. Os indivíduos portadores de variações favoráveis sobrevivem, transmitindo as suas características à descendência (reprodução diferencial);
- A selecção natural, actuando ao longo de muitas gerações, conduz à acumulação de características que poderão vir a originar novas espécies.

A principal crítica ao darwinismo assenta no facto de nunca ter explicado a causa das variações nos indivíduos de uma população. Abaixo vemos a capa de um livro escrito por Darwin, considerado um dos mais importantes livros na história da biologia. Nele, Darwin propõe a teoria de que os organismos vivos evoluem gradualmente através da selecção natural.



Lamarckismo vs Darwinismo




Apesar das lacunas deixadas pelas explicações de Lamarck e de Darwin, a ideia de evolução estabeleceu-se na comunidade científica, podendo-se usar vários argumentos a seu favor, que mais tarde irei apresentar.

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