sábado, 17 de janeiro de 2009

Sistemática dos seres vivos - Sistemas de classificação

A Sistemática é a área do conhecimento biológico que se ocupa do estudo das relações evolutivas dos diferentes grupos de seres vivos ao longo do tempo e do agrupamento e classificação dos seres vivos. Tem como objectivo a criação de sistemas de classificação que não se limitem a agrupar os seres vivos actuais, mas que reflictam a evolução sofrida por esses grupos ao longo do tempo. O ramo da Sistemática que se ocupa da classificação dos seres vivos e da nomenclatura designa-se por Taxonomia.


Diversidade de critérios de classificação

Sistemas de classificações práticos
As primeiras classificações feitas pelo Homem tinham um carácter prático, que se ajustavam às necessidades específicas de quem as utilizava. Ainda hoje em dia distinguimos os animais domésticos dos animais selvagens, por exemplo. Estes sistemas são designados de sistemas de classificação práticos e, por vezes, carecem de base científica, sendo meros instrumentos de sistematização utilitária.

Sistemas de classificação racionais: Horizontais
Os sistemas que utilizam características morfológicas ou fisiológicas dos seres representam sistemas de classificação racionais, propostos pela primeira vez por Aristóteles (Grécia Antiga).

Estes podem dividir-se em sistemas de classificação artificiais, que se baseavam num reduzido número de características e que existiram desde a Grécia Antiga até ao séc. XVIII. Eram sistemas que formavam grupos muito heterogéneos, pois englobavam organismos que diferem em muitas outras características para além das consideradas. Estes sistemas de classificação artificiais caracterizaram o período pré-lineano das classificações.

Carlos Lineu (1707-1778) pretendia uma classificação que reflectisse relações e afinidades naturais entre os organismos. Apesar de fixista, este naturalista realizou um trabalho muito importante, classificando entre plantas e animais mais de 1400 espécies, no entanto, eram ainda classificações artificiais. Por todo o seu trabalho desenvolvido foi considerado o “pai da taxonomia”.

Com o avanço dos conhecimentos científicos e de novos métodos e instrumentos de observação, os conhecimentos sobre os seres vivos aumentaram exponencialmente, o que conduziu à utilização de um número maior de características no processo de classificação. A classificação passou a integrar um grande nº de dados e a exprimir uma maior afinidade entre os seres, passando a existir sistemas de classificação naturais, que caracterizam o período pós-linenao e pré-darwiniano.

Estas classificações, por não considerarem a evolução dos organismos nem o factor tempo que lhes está associado, são classificações horizontais (carácter estático). Estas também podem ser chamadas de fenéticas, pois são baseadas num grande número de semelhanças ou diferenças fenotípicas entre os organismos.

Sistemas de classificação racionais: verticais

Surgiram no período pós-darwiniano as classificações verticais ou filogenéticas, que consideram o factor tempo. Os seres vivos passaram a ser classificados não apenas de acordo com a sua afinidade estrutural e morfológica, mas também de acordo com a sua história evolutiva. Estudos como a paleontologia, comparação anatómica, Citologia, Bioquímica e Genética dos seres vivos têm contribuído para a identificação de ancestrais comuns, ajudando a esclarecer o percurso evolutivo dos grupos de seres vivos e as suas relações filogenéticas, ou de parentesco. Os fenómenos de convergência ou divergência evolutiva ao longo de uma escala de tempo são traduzidos por árvores filogenéticas, típicas da taxonomia evolutiva clássica. As classificações passaram e reflectir a dinâmica dos grupos ao longo do tempo, e não um carácter estático. Estas são, no entanto, consideradas classificações muito subjectivas, um vez que se baseiam nas interpretações de factos utilizando hipóteses sobre relações de parentesco para estabelecer filogenias, e assim poderá ser impossível chegar a novos consensos.

Para os autores dos sistemas de classificação horizontal, a semelhança estrutural resulta do “plano de criação”, enquanto para os evolucionistas, essa semelhança estrutural é consequência de relações de parentesco, porque os organismos descendem de um ancestral comum.

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