sábado, 14 de fevereiro de 2009

Ocupação Antrópica e problemas de ordenamento - Bacias hidrográficas

Ocupação antrópica e problemas de ordenamento
O aumento populacional, que se acentuou no último século, tem criado uma série de problemas com consequências graves para o equilíbrio nos subsistemas. Há necessidade de aumentar as áreas destinadas à agricultura e à pecuária, às vias de comunicação e outras infra-estruturas.
No entanto, esta ocupação faz-se sem qualquer planificação ou conhecimento da área a ocupar, daí resultam impactos negativos que aumentam o risco geológico, ou seja, a probabilidade de ocorrer acidentes geológicos numa dada área e período de tempo, que têm como consequências perdas humanas e prejuízos materiais. Podem-se salientar alguns riscos naturais como por exemplo as inundações, erupções vulcânicas, deslizamentos de terras, fogos selvagens, tufões, tornados, seca, pragas de animais, etc.
Assim, para evitar que a ocupação antrópica gere cada vez mais problemas é necessário elaborar cartas de risco geológico identificando áreas de maior ou menos risco, bem como elaborar planos de ordenamento do território. Desta forma, promove-se uma ocupação racional dos solos em função do fim a que se destinam, e assim diminuem-se os ricos da ocupação antrópica.
Existem três tipos de riscos geológicos que afectam de uma forma mais acentuada o Homem: os ricos associados às bacias hidrográficas, zonas costeiras e às zonas de vertente.

Bacias hidrográficas

Um rio é um curso ou corrente de água superficial e regular que pode desaguar no oceano, ou na corrente de outro rio de maior caudal. Os cursos de água vão de zonas de maior altitude para regiões de menor altitude. Podem tomar diferentes designações: regato, ribeiro, ribeira, e rio, dependendo do grau de importância na hierarquia fluvial. Ao conjunto formado pelo rio principal, pelos seus afluentes designa-se por rede hidrográfica. A área do território drenada por uma rede hidrográfica constitui a bacia hidrográfica.

O leito de um rio, ou leito aparente, ou ainda leito ordinário (figura abaixo), é a superfície que se encontra coberta pela corrente de água durante a maior parte do ano. O caudal de água pode variar com o regime de pluviosidade das estações. O leito pode baixar durante a estação seca, normalmente o Verão (leito de estiagem ou de seca), e aumentar durante a estação húmida, em regra o Inverno, inundando as áreas envolventes e originando as cheias (leito de cheia). As zonas que ficam cobertas de água durante o leito de cheia constituem a planície de inundação.


Actividade geológica de um rio

O comportamento de cada rio depende da sua geometria, relevo, composição rochosa, matérias dos solos, cobertura vegetal e grau de interferência humana. A actividade geológica de um rio compreende três acções: a meteorização e erosão, o transporte e a deposição dos materiais ou sedimentação.
A meteorização e erosão consistem no desgaste e extracção dos materiais do fundo do leito e das margens pela acção da corrente da água. Esta acção é mais intensa nas regiões junto da nascente, onde ocorrem maiores desníveis e a água corre a uma maior velocidade, consequentemente a energia da corrente é maior.

Os materiais rochosos extraídos são transportados pelo rio para distâncias maiores ou menores, dependendo do tamanho e do peso dos fragmentos, bem como da velocidade da corrente.

À medida que a velocidade das águas diminui, os diferentes materiais transportados começam a depositar-se (sedimentação) no fundo do leito, nas margens e na foz. Após a deposição os materiais designam-se por sedimentos. Os materiais mais pesados e de maiores dimensões depositam-se mais para montante e os de pequenas dimensões e mais finos depositam-se próximo da foz (jusante) ou são mesmo transportados para o mar. A deposição de materiais é importante quando ocorrem cheias, formando depósitos no leito de cheia chamados aluviões. É importante salientar que em cada troço de um rio se realizam simultaneamente os três tipos de acção geológica, ainda que de uma forma selectiva, predomine uma sobre as outras.


Ocupação nos leitos de um rio: riscos

Viver junto de um rio tem algumas vantagens: estes constituem vias de comunicação, fornecem água para uso doméstico, agrícola e industrial, são fonte de alimentação e proporcionam solos férteis, devido ao transporte de materiais pelo rio.
No entanto é arriscado viver nos leitos de cheia de um rio, pois caso se dê uma subida inesperada e brusca dos níveis da água dos rios, ocorrem inundações que se podem traduzir pela perda de bens materiais e eventualmente de vidas humanas. Algumas causas que estão na origem de inundações são: precipitações moderadas e prolongadas (cheias progressivas); precipitações intensas e repentinas (cheias rápidas); fusão de grandes concentrações de gelo; ruptura de barragens ou diques.


Barragens


Vantagens: regulariza os caudais; promove actividades turísticas e desportivas; a água armazenada na albufeira pode ser usada para o abastecimento das populações, na irrigação de terras agrícolas e pode ter aproveitamento hidroeléctrico.



Desvantagens: As barragens têm um impacto negativo nos ecossistemas aquáticos e terrestres da zona (por exemplo: dificulta a passagem de peixes e de outros animais, muitos dos quais faziam a desova em zonas do rio a montante); alteram o perfil longitudinal do leito do rio, provocando alterações no transporte dos sedimentos, que tendem a depositar-se a montante dela, reduzindo assim os detritos depositados no mar; podem ocorrer rupturas e acidentes em barragens provocando inundações a jusante que põem em perigo vidas humanas e destroem as construções realizadas no leito de cheia; o enchimento das albufeiras pode levar à submersão de muitos ecossistemas terrestres, incluindo mesmo povoações habitadas, como foi o caso da submersão da Aldeia da Luz aquando da construção da barragem do Alqueva no Alentejo (imagem).

Extracção de inertes
Os sedimentos (inertes) depositados no leito ou margem de um rio são uma importante matéria-prima para a construção civil e constituem um negócio fácil e rentável. No entanto a sua extracção traz consequências: provoca o aumento da acção erosiva e um desgaste do fundo do leito que pode conduzir ao descalçar de pilares de pontes (como a queda da ponte entre Castelo de Paiva e Entre-os-Rios em 2001, na imagem) e ao aumento de risco de derrocadas, bem como alterar as velocidades dos caudais de água com riscos de alteração dos perfis transversais do rio; também modifica irreversivelmente os ecossistemas (a alteração nos habitats de algumas espécies de peixes pode levar à redução da fertilidade).


Soluções

- Construir sistemas integrados de regularização dos cursos de água com a construção de barragens (embora traga consequências).
- Ordenar e controlar as acções humanas nos leitos de cheias;
- Impedir a construção e a urbanização em potenciais zonas de cheias, sendo o meio mais eficaz para diminuir os riscos geológicos da actividade natural dos rios.

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