segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Notícia - aumento do nível do mar

Placa de gelo fragmentou na Península Antárctica
Despreendimento vai aumentar nível do mar


Dos 14 mil quilómetros quadrados que constituem a plataforma Wilkins, na Península Antárctica, um quarto da placa fragmentou-se e desprendeu-se, como consequência do aquecimento global.

De acordo com a Rádio Renascença, o anúncio foi feito pelo Centro de Investigações Cientificas de Espanha (CSIC).

Desde domingo que uma equipa de cientistas espanhóis, no navio de investigação oceanográfica Hespérides, analisa o impacto da quebra sobre o ecossistema do Mar Belinghausen (a Oeste da Península Antárctica).

Os investigadores trabalham no âmbito do projecto ATOS (contribuições atmosféricas de carbono orgânico e contaminantes para o oceano polar: taxas, importância e prospectiva) e verificaram que a frente de gelo do mar de Belinghausen retrocedeu 550 quilómetros em duas semanas.

Os especialistas sublinham que o desprendimento e fragmentação da plataforma vão reflectir-se no aumento do nível do mar.
Nos últimos 50 anos, a temperatura na Península Antárctica aumentou 0,5 graus centígrados por década.


2009-03-18
Notícia retirada em Fábrica de Conteúdos

Rochas sedimentares: Minerais - identificação e propriedades

O calor interno da Terra e a energia solar à superfície provocam movimentos e transferências de materiais geológicos determinando assim a constante renovação e destruição de materiais – ciclo litológico (ver figura). É este ciclo que está na origem dos três tipos de rochas existentes na crusta e no manto: as rochas sedimentares (que se formam à superfície), as metamórficas (em zonas mais profundas da crusta), e as magmáticas (originadas a maiores profundidades, onde o material rochoso funde, constituindo o magma).
As rochas sedimentares, tal como as outras, são unidades naturais normalmente sólidas que entram na constituição da litosfera. São formadas por um ou por vários minerais associados.

Minerais – sua identificação
Os minerais são corpos sólidos, naturais (formados sem intervenção humana) e inorgânicos de estrutura cristalina (os seus elementos constituintes, átomos ou iões, apresentam-se de uma forma regular e ordenada de acordo com as três dimensões do espaço) com composição química definida ou variável dentro de certos limites.


A composição química e a estrutura cristalina determinam certas propriedades dos minerais, sendo algumas utilizadas na sua identificação pois permitem distingui-los uns dos outros.

Propriedades dos minerais
De entre as propriedades físicas e ópticas podem-se referir:
· Cor: pode ser muito variável, podendo existir várias cores no mesmo mineral, enquanto que alguns são transparentes. Alguns minerais têm uma cor própria não variável – idiocromáticos, como malaquite e pirite – ou podem ter cor variável – alocromáticos, como o quartzo que pode ser incolor, branco, amarelo e rosa. Isto deve-se à mistura de pequenas quantidades de certos elementos químicos, no caso do quartzo, ou à substituição de elementos por outros diferentes, variando assim a composição química e a cor. Por este motivo, esta propriedade não é muito fiável na identificação dos minerais.


· Brilho: é o efeito produzido pela luz ao reflectir numa superfície de fractura recente do mineral. Os minerais podem ter brilho metálico (como a galena-ver figura), como o observado nos metais, ou brilho não metálico ou vulgar. Há ainda o brilho submetálico, quando é do tipo metálico mas mais fraco (ex. volframite -na imagem).

· Risca ou traço: corresponde à cor do mineral quando reduzido a pó. Obtém-se normalmente por fricção sobre uma porcelana fosca que é muito dura. Em regra os minerais alocromáticos têm risca clara ou incolor e os minerais idiocromáticos não metálicos têm risca igual à sua cor; se forem minerais de brilho metálico a risca tende a ser negra. Esta propriedade é importante pois, mesmo que a cor do mineral varie, a risca, normalmente, mantém-se constante, podendo em certos casos, ser diferente da própria cor do mineral (ex. hematite).


De entre as propriedades físicas e mecânicas podem-se referir:
· Dureza: é a resistência que o mineral oferece à abrasão, ou seja, ao ser riscado por outro mineral ou por certos objectos. É condicionada pelo tipo de ligações entre as partículas, podendo variar com a direcção considerada.
A dureza relativa determina-se em relação a outros minerais com dureza padrão utilizando uma escala de dureza, a escala de Mohs.
A escala de Mohs (figura) é constituída por 10 termos por ordem crescente de dureza: o menos duro é o talco, e o mais duro é o diamante. Cada termo da escala de Mohs risca o termo imediatamente anterior, não sendo riscado por ele.
Se um mineral risca e é riscado por um termo da escala, ou se não se riscam entre si, possui a mesma dureza relativa correspondente a esse termo. Há casos em que a dureza do mineral fica compreendida entre a dureza de dois termos (ex. Biotite cuja dureza é 2,5). Os minerais de dureza superior ou igual a seis riscam o vidro.
A determinação da dureza absoluta já implica a utilização de aparelhos muito especializados. Uma desvantagem do uso da escala de Mohs é precisamente o facto de o aumento da dureza absoluta entre os diferentes termos fazer-se de forma descontínua e não ser sempre o mesmo (ver tabela).

· Clivagem: distingue-se quando o mineral sujeito a uma pancada com um martelo se fragmenta de forma regular e com direcção definida em superfícies planas e brilhantes, que se repetem paralelamente a si mesmas. A clivagem esta relacionada com a estrutura cristalina do mineral, resultando do posicionamento dos átomos e do facto de as ligações químicas serem mais fracas numa direcção do que noutra. Separam-se mais facilmente os planos ligados entre si por forças mais fracas. Qualquer plano paralelo ao plano de clivagem é outro potencial plano de clivagem.

· Fractura: distingue-se quando o mineral sujeito a uma pancada com um martelo se fragmenta de forma irregular e sem direcção definida. Isto deve-se às partículas da rede cristalina serem submetidas a forças fortes em todas as direcções. As superfícies da fractura não se repetem paralelamente entre si e apresentam diferentes aspectos.

Outra propriedade física é a:
· Densidade: a densidade absoluta ou massa volúmica (g/cm3) de uma substância depende da natureza das partículas (átomos ou iões) que constituem o mineral e do tipo de arranjo dessas partículas (estrutura cristalina). Pode ser determinada colocando-se uma amostra do mineral dentro de uma proveta com água, sendo a subida da água correspondente ao volume da amostra. Para determinar a massa da amostra utiliza-se uma balança.
Massa volúmica = M/V
A densidade relativa determina-se em relação à densidade da água, que se considera igual a 1, dividindo-se a massa volúmica do mineral pela massa volúmica da água. Pode-se também utilizar uma balança de Jolly, que determina o peso da amostra do mineral no ar (P) e mergulhado na água (P’). A densidade relativa obtém-se dividindo o peso da amostra fora de água pelo valor da impulsão (P-P’).

Há também propriedades químicas dos minerais:
· Teste do sabor salgado para a determinação da presença da halite (NaCl).
· Teste da efervescência pelo contacto com um ácido. Por exemplo, carbonatos como a calcite reagem com os ácidos libertando CO2, o que provoca efervescência. Este fenómeno ocorre a frio em determinados minerais e a quente noutros.
· Teste do cheiro – por exemplo, o argilito e argilas cheiram a barro quando bafejados.



Determinadas as propriedades dos minerais, a sua identificação é possível utilizando chaves dicotómicas ou consultando tabelas em que estão registadas as principais características dos diferentes minerais. Existem também programas de software que permitem a identificação de minerais, considerando as suas propriedades.

Notícia - Risco de derrocada na Serra da Luz

Odivelas: 860 habitações em risco de derrocada na Serra da Luz


Odivelas, Lisboa, 18 Fev (Lusa) - Cerca de 860 habitações ilegais estão em risco de derrocada na Serra da Luz, em Odivelas, segundo um levantamento realizado pela Câmara Municipal, que aponta para a necessidade de demolir 160 dessas casas.
Em declarações aos jornalistas, hoje no local, a presidente da Câmara de Odivelas, Susana Amador, revelou que estes 160 fogos que deverão ser demolidos estão em zonas não aptas para construção.
O bairro é todo de génese ilegal, encontrando-se as cerca de 860 casas em risco de derrocada devido à instabilidade da encosta da Serra da Luz e da própria estrutura das habitações, explicou à Lusa o vereador com o pelouro da Habitação, José Esteves.
Eram 09:00 quando chegaram ao local os primeiros operários que durante 60 dias irão trabalhar na demolição dos quatro edifícios da Rua D.Afonso Henriques, mandados selar pela autarquia devido à instabilidade da encosta da Serra da Luz, agravada pelas cheias de 18 de Fevereiro do ano passado.
Na ocasião, 14 famílias tiveram de abandonar as suas casas, sendo realojadas primeiro numa pensão de Lisboa, e posteriormente em habitações arrendadas a preços ajustados ao seu rendimento, no âmbito do programa ProHabita, a que a Câmara Municipal de Odivelas se candidatou.
Este processo de demolição irá ser feito quase todo à mão devido às condições especiais de segurança exigida.


© 2009 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.2009-02-18


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domingo, 15 de fevereiro de 2009

Ocupação Antrópica em zonas de vertente

As zonas de vertente são locais de desnível da topografia terrestre. Podem possuir maior ou menor declive e estão muito expostas à acção intensa e rápida dos fenómenos erosivos. Devido a estas características são zonas bastante instáveis em que os materiais geológicos nas zonas superiores tendem a ser mobilizados para as zonas inferiores, com consequências por vezes graves em termos de perda de vidas ou de danos materiais. Os principais factores de risco associados às zonas de vertente são a erosão hídrica, queda de blocos e os movimentos em massa.
Erosão hídrica – é um fenómeno lento e gradual em que os materiais, de pequenas dimensões, são arrancados às vertentes, principalmente, pelo impacto das águas das chuvas e pelo escoamento das águas ao longo das vertentes.
Queda de blocos – devido à acentuada erosão, os materiais soltos de variadas dimensões movimentam-se pela vertente por acção directa da gravidade, sem serem arrastados por água.
Movimentos em massa – corresponde ao deslizamento, em regra brusco e repentino, de grandes quantidades de materiais sólidos ao longo de uma vertente.
Neste vídeo impressionante vê-se um deslizamento de terras no Japão.

Os movimentos em massa podem ser causados por factores condicionantes (condições mais ou menos permanentes) e factores desencadeantes (condições resultantes de alguma alteração introduzida na vertente).
Factores condicionantes:

  • Contexto geomorfológico: declive dos terrenos; força da gravidade e força de atrito -à medida que a inclinação da vertente aumenta, a componente tangencial da gravidade aumenta e componente normal diminui, contribuindo para a movimentação. As forças de atrito ou de resistência e o grau de coesão dos materiais geológicos (forças que se opõem ao movimento) têm, assim, especial interesse numa zona de vertente, uma vez que impedem a movimentação dos materiais;

  • Contexto geológico: tipo e características das rochas; disposição das rochas nos terrenos; orientação e inclinação das camadas; grau de alteração e fracturação das camadas rochosas.

    Factores desencadeantes:

  • Precipitação elevada – a água que se infiltra no solo, devido à sua forte capacidade de estabelecer ligações moleculares, permite manter um certo grau de coesão entre as partículas. No entanto, se a concentração de água for muito elevada, o volume desta aumenta e conduz à saturação do solo. A tensão exercida pela água é tal que leva a que as partículas desse solo se afastem (menor força de atrito), criando situações de instabilidade provocando o movimento de materiais ao longo dessa vertente;


  • Acção antrópica:
    o Destruição da cobertura vegetal – as raízes das árvores reforçam a coesão do solo e aumentam a força de atrito que contraria o deslizamento pela gravidade;
    o Remoção de terrenos para a construção de estradas e habitações – expõe as vertentes aos factores ambientais ou interrompe as linhas de água, aumentando risco de movimentos;
    o Regra excessiva na agricultura – a saturação de água dos solos facilita o seu deslizamento.


  • Ocorrência de sismos e vibrações (fazendo com que as formações rochosas fiquem mais instáveis sofrendo derrocada);

  • Tempestades nas zonas costeiras (provocando queda de blocos, geralmente de grandes dimensões);
  • Variações de temperatura (contracção e dilatação dos materiais rochosos).


    Medidas de prevenção

    A ocupação antrópica nas zonas de vertente implica que se conheça a composição e as estruturas geológicas da área ocupada e ter parâmetros de previsão segura do comportamento dos materiais geológicos envolvidos. É necessário planear essa ocupação de forma a diminuir os riscos de acidente geológico. Algumas medidas de prevenção são:
    · Estudar as características geológicas e geomorfológicas de um local para avaliação do seu potencial de risco;
    · Elaborar cartas de ordenamento do território com definição de zonas habitacionais; agrícolas; ecológicas; com interesse em explorar recursos e vias de comunicação;
    · Elaborar cartas de risco ecológico onde se evidenciem as áreas com diferentes probabilidades de ocorrência de movimentos em massa
    · Remoção (1ª fig.) ou contenção (pregagens, muros de suporte, sistemas de drenagem, reflorestação, redes metálicas, etc.) dos materiais geológicos que possam constituir risco.

    A Geologia assume assim um papel fundamental, ao fornecer informações preciosas sobre os materiais e os processos e os seu comportamento quando sujeitos a interacção humana.

Notícia - Praia da Foz do Arelho corre o risco de desaparecer

A autarquia das Caldas da Rainha alertou para o facto da praia da Foz do Arelho estar a desaparecer, devido ao avanço do mar e da lagoa de Óbidos.
O Presidente da Câmara solicitou o apoio do Instituto da Água para que intervenha no sentido de reverter este processo, propondo uma correcção à abertura do canal da lagoa.


sábado, 14 de fevereiro de 2009

Ocupação Antrópica da faixa litoral - Zonas costeiras

As zonas costeiras ou zonas da orla marinha caracterizam-se por uma intensa actividade geológica causada pelo mar.
Formas de Erosão

Resultam do desgaste provocado pelo impacto dos movimentos das águas do mar sobre a costa, a que se dá o nome de abrasão marinha. Os efeitos da abrasão são especialmente notórios em costas altas e escarpadas, as arribas. A abrasão marinha faz-se sentir sobretudo na base da escarpa em contacto com o mar, onde o material rochoso é retirado mais intensamente. À medida que a base da arriba vai sendo erodida, o peso das camadas superiores provocam o seu abatimento originando uma acumulação de detritos nas zonas mais baixas, a plataforma de abrasão. Outras consequências da abrasão marinha são as cavernas, leixões e os arcos litorais. A natureza do material rochoso, o seu grau de dureza e compactação, a orientação e a posição dos estratos condicionam a velocidade da abrasão da arriba.

Formas de deposição
Os materiais arrancados pelo mar ou transportados pelos rios vão-se depositar originando as praias, restingas, ilhas-barreiras ou tômbolos.
Nas praias, resultantes da acumulação de sedimentos de variados tamanhos e formas, podem ainda se observar as dunas litorais. As dunas são um elemento importante pois impedem o avanço do mar para o interior e constituem ecossistemas únicos, de grande biodiversidade.

Evolução do litoral
A dinâmica das zonas costeiras é condicionada por fenómenos naturais e antrópicos.
Causas naturais:
  • alternância entre regressões e transgressões marinhas, com variação do nível médio da água do mar;
  • alternância entre períodos de glaciação e interglaciação (acumulação de gelo no Hemisfério Norte e fusão desse gelo, respectivamente);
  • deformação das margens continentais devido a movimentos tectónicos, que podem levar ou afundamento e elevação das zonas litorais.

    Causas antrópicas:
  • o excesso da produção de CO2 provoca efeito de estufa, e consequentemente o aumento do nível médio das águas do mar;
  • construção de estruturas de lazer e recreio desordenada na faixa litoral;
  • diminuição da quantidade de sedimentos que chegam ao litoral, devido à construção de barragens nos grandes rios;
  • destruição das defesas naturais devido ao pisoteio das dunas, à construção desordenada, ao arranque da cobertura vegetal, e à extracção de inertes, entre outros.
Ocupação antrópica: consequências
Estima-se que as zonas costeiras são ocupadas por 80% da população mundial, isto porque constituem um importante recurso natural onde o Homem obtém alimentos, recursos minerais, lazer e turismo, etc. No entanto, a zona litoral constitui um recurso não renovável à escala humana, sendo a sua gestão caracterizada por uma constante degradação.
A ocupação humana nas zonas costeiras faz-se de forma desordenada, provocando alterações nos ciclos de abrasão (propiciando a erosão acelerada e avanço das águas do mar) e deposições marinhas que potenciam o risco geológico de desabamento de casas e edificações, ameaçando assim a vida humana e destruição de bens. Como consequências, também altera as rotas migratórias destruindo muitos habitats.

Soluções

Recorrem-se a construções artificias para regularizar os ritmos de abrasão e deposição marinha como por exemplo os esporões (obras transversais à linha de costa), paredões (obras paralelas aderentes à linha de costa) e os quebra-mares, molhes e enrocamentos (obras destacadas).

Infelizmente, a construção destas obras protege uns locais mas agrava a situação nas zonas costeiras próximas desses locais, conduzindo à necessidade de novas medidas de protecção nessas zonas. É, por exemplo, o caso dos esporões: a construção de esporões na costa ocidental favorece a deposição de sedimentos arrastados pelos correntes a norte do esporão, mas agrava a erosão a sul desse esporão. Como solução constrói-se um campo de esporões, que provoca em certas zonas grandes recuos da linha da costa.
Outra solução, mais económica e menos agressiva que as obras de engenharia, é a alimentação artificial de sedimentos em determinadas praias.
Muitos geólogos defendem a redução ao mínimo ou mesmo a eliminação destas construções de protecção, argumentando que o Homem deve respeitar a dinâmica do litoral.


Ordenamento do litoral
Em Portugal têm sido implementados planos de ordenamento da orla costeira de forma a diminuir o risco de perdas humanas e materiais. A costa algarvia e a costa do Norte são as zonas mais preocupantes.


Notícia - Subida das águas na barragem das Três Gargantas causa graves prejuizos


Sexta-feira, 19 de Dezembro de 2008


A subida do nível das águas na barragem das Três Gargantas (China) causou dezenas de derrocadas nos últimos meses, provocando danos em habitações, terrenos agrícolas e infraestuturas. Foram já evacuadas cerca de mil pessoas e os prejuízos estão calculados em milhões de dólares. A gigantesca barragem, que é de longe a maior do mundo, com um paredão com mais de dois quilómetros de comprimento, foi construída com o objectivo de regular o caudal do rio Yangtzé e fornecer energia. No entanto, para além dos enormes impactos ambientais e locais causados pela sua construção, a subida do nível das águas nesta albufeira está erodir rapidamente as suas frágeis margens.



Fontes: China View, Reuters

Ocupação Antrópica e problemas de ordenamento - Bacias hidrográficas

Ocupação antrópica e problemas de ordenamento
O aumento populacional, que se acentuou no último século, tem criado uma série de problemas com consequências graves para o equilíbrio nos subsistemas. Há necessidade de aumentar as áreas destinadas à agricultura e à pecuária, às vias de comunicação e outras infra-estruturas.
No entanto, esta ocupação faz-se sem qualquer planificação ou conhecimento da área a ocupar, daí resultam impactos negativos que aumentam o risco geológico, ou seja, a probabilidade de ocorrer acidentes geológicos numa dada área e período de tempo, que têm como consequências perdas humanas e prejuízos materiais. Podem-se salientar alguns riscos naturais como por exemplo as inundações, erupções vulcânicas, deslizamentos de terras, fogos selvagens, tufões, tornados, seca, pragas de animais, etc.
Assim, para evitar que a ocupação antrópica gere cada vez mais problemas é necessário elaborar cartas de risco geológico identificando áreas de maior ou menos risco, bem como elaborar planos de ordenamento do território. Desta forma, promove-se uma ocupação racional dos solos em função do fim a que se destinam, e assim diminuem-se os ricos da ocupação antrópica.
Existem três tipos de riscos geológicos que afectam de uma forma mais acentuada o Homem: os ricos associados às bacias hidrográficas, zonas costeiras e às zonas de vertente.

Bacias hidrográficas

Um rio é um curso ou corrente de água superficial e regular que pode desaguar no oceano, ou na corrente de outro rio de maior caudal. Os cursos de água vão de zonas de maior altitude para regiões de menor altitude. Podem tomar diferentes designações: regato, ribeiro, ribeira, e rio, dependendo do grau de importância na hierarquia fluvial. Ao conjunto formado pelo rio principal, pelos seus afluentes designa-se por rede hidrográfica. A área do território drenada por uma rede hidrográfica constitui a bacia hidrográfica.

O leito de um rio, ou leito aparente, ou ainda leito ordinário (figura abaixo), é a superfície que se encontra coberta pela corrente de água durante a maior parte do ano. O caudal de água pode variar com o regime de pluviosidade das estações. O leito pode baixar durante a estação seca, normalmente o Verão (leito de estiagem ou de seca), e aumentar durante a estação húmida, em regra o Inverno, inundando as áreas envolventes e originando as cheias (leito de cheia). As zonas que ficam cobertas de água durante o leito de cheia constituem a planície de inundação.


Actividade geológica de um rio

O comportamento de cada rio depende da sua geometria, relevo, composição rochosa, matérias dos solos, cobertura vegetal e grau de interferência humana. A actividade geológica de um rio compreende três acções: a meteorização e erosão, o transporte e a deposição dos materiais ou sedimentação.
A meteorização e erosão consistem no desgaste e extracção dos materiais do fundo do leito e das margens pela acção da corrente da água. Esta acção é mais intensa nas regiões junto da nascente, onde ocorrem maiores desníveis e a água corre a uma maior velocidade, consequentemente a energia da corrente é maior.

Os materiais rochosos extraídos são transportados pelo rio para distâncias maiores ou menores, dependendo do tamanho e do peso dos fragmentos, bem como da velocidade da corrente.

À medida que a velocidade das águas diminui, os diferentes materiais transportados começam a depositar-se (sedimentação) no fundo do leito, nas margens e na foz. Após a deposição os materiais designam-se por sedimentos. Os materiais mais pesados e de maiores dimensões depositam-se mais para montante e os de pequenas dimensões e mais finos depositam-se próximo da foz (jusante) ou são mesmo transportados para o mar. A deposição de materiais é importante quando ocorrem cheias, formando depósitos no leito de cheia chamados aluviões. É importante salientar que em cada troço de um rio se realizam simultaneamente os três tipos de acção geológica, ainda que de uma forma selectiva, predomine uma sobre as outras.


Ocupação nos leitos de um rio: riscos

Viver junto de um rio tem algumas vantagens: estes constituem vias de comunicação, fornecem água para uso doméstico, agrícola e industrial, são fonte de alimentação e proporcionam solos férteis, devido ao transporte de materiais pelo rio.
No entanto é arriscado viver nos leitos de cheia de um rio, pois caso se dê uma subida inesperada e brusca dos níveis da água dos rios, ocorrem inundações que se podem traduzir pela perda de bens materiais e eventualmente de vidas humanas. Algumas causas que estão na origem de inundações são: precipitações moderadas e prolongadas (cheias progressivas); precipitações intensas e repentinas (cheias rápidas); fusão de grandes concentrações de gelo; ruptura de barragens ou diques.


Barragens


Vantagens: regulariza os caudais; promove actividades turísticas e desportivas; a água armazenada na albufeira pode ser usada para o abastecimento das populações, na irrigação de terras agrícolas e pode ter aproveitamento hidroeléctrico.



Desvantagens: As barragens têm um impacto negativo nos ecossistemas aquáticos e terrestres da zona (por exemplo: dificulta a passagem de peixes e de outros animais, muitos dos quais faziam a desova em zonas do rio a montante); alteram o perfil longitudinal do leito do rio, provocando alterações no transporte dos sedimentos, que tendem a depositar-se a montante dela, reduzindo assim os detritos depositados no mar; podem ocorrer rupturas e acidentes em barragens provocando inundações a jusante que põem em perigo vidas humanas e destroem as construções realizadas no leito de cheia; o enchimento das albufeiras pode levar à submersão de muitos ecossistemas terrestres, incluindo mesmo povoações habitadas, como foi o caso da submersão da Aldeia da Luz aquando da construção da barragem do Alqueva no Alentejo (imagem).

Extracção de inertes
Os sedimentos (inertes) depositados no leito ou margem de um rio são uma importante matéria-prima para a construção civil e constituem um negócio fácil e rentável. No entanto a sua extracção traz consequências: provoca o aumento da acção erosiva e um desgaste do fundo do leito que pode conduzir ao descalçar de pilares de pontes (como a queda da ponte entre Castelo de Paiva e Entre-os-Rios em 2001, na imagem) e ao aumento de risco de derrocadas, bem como alterar as velocidades dos caudais de água com riscos de alteração dos perfis transversais do rio; também modifica irreversivelmente os ecossistemas (a alteração nos habitats de algumas espécies de peixes pode levar à redução da fertilidade).


Soluções

- Construir sistemas integrados de regularização dos cursos de água com a construção de barragens (embora traga consequências).
- Ordenar e controlar as acções humanas nos leitos de cheias;
- Impedir a construção e a urbanização em potenciais zonas de cheias, sendo o meio mais eficaz para diminuir os riscos geológicos da actividade natural dos rios.