domingo, 15 de fevereiro de 2009

Ocupação Antrópica em zonas de vertente

As zonas de vertente são locais de desnível da topografia terrestre. Podem possuir maior ou menor declive e estão muito expostas à acção intensa e rápida dos fenómenos erosivos. Devido a estas características são zonas bastante instáveis em que os materiais geológicos nas zonas superiores tendem a ser mobilizados para as zonas inferiores, com consequências por vezes graves em termos de perda de vidas ou de danos materiais. Os principais factores de risco associados às zonas de vertente são a erosão hídrica, queda de blocos e os movimentos em massa.
Erosão hídrica – é um fenómeno lento e gradual em que os materiais, de pequenas dimensões, são arrancados às vertentes, principalmente, pelo impacto das águas das chuvas e pelo escoamento das águas ao longo das vertentes.
Queda de blocos – devido à acentuada erosão, os materiais soltos de variadas dimensões movimentam-se pela vertente por acção directa da gravidade, sem serem arrastados por água.
Movimentos em massa – corresponde ao deslizamento, em regra brusco e repentino, de grandes quantidades de materiais sólidos ao longo de uma vertente.
Neste vídeo impressionante vê-se um deslizamento de terras no Japão.

Os movimentos em massa podem ser causados por factores condicionantes (condições mais ou menos permanentes) e factores desencadeantes (condições resultantes de alguma alteração introduzida na vertente).
Factores condicionantes:

  • Contexto geomorfológico: declive dos terrenos; força da gravidade e força de atrito -à medida que a inclinação da vertente aumenta, a componente tangencial da gravidade aumenta e componente normal diminui, contribuindo para a movimentação. As forças de atrito ou de resistência e o grau de coesão dos materiais geológicos (forças que se opõem ao movimento) têm, assim, especial interesse numa zona de vertente, uma vez que impedem a movimentação dos materiais;

  • Contexto geológico: tipo e características das rochas; disposição das rochas nos terrenos; orientação e inclinação das camadas; grau de alteração e fracturação das camadas rochosas.

    Factores desencadeantes:

  • Precipitação elevada – a água que se infiltra no solo, devido à sua forte capacidade de estabelecer ligações moleculares, permite manter um certo grau de coesão entre as partículas. No entanto, se a concentração de água for muito elevada, o volume desta aumenta e conduz à saturação do solo. A tensão exercida pela água é tal que leva a que as partículas desse solo se afastem (menor força de atrito), criando situações de instabilidade provocando o movimento de materiais ao longo dessa vertente;


  • Acção antrópica:
    o Destruição da cobertura vegetal – as raízes das árvores reforçam a coesão do solo e aumentam a força de atrito que contraria o deslizamento pela gravidade;
    o Remoção de terrenos para a construção de estradas e habitações – expõe as vertentes aos factores ambientais ou interrompe as linhas de água, aumentando risco de movimentos;
    o Regra excessiva na agricultura – a saturação de água dos solos facilita o seu deslizamento.


  • Ocorrência de sismos e vibrações (fazendo com que as formações rochosas fiquem mais instáveis sofrendo derrocada);

  • Tempestades nas zonas costeiras (provocando queda de blocos, geralmente de grandes dimensões);
  • Variações de temperatura (contracção e dilatação dos materiais rochosos).


    Medidas de prevenção

    A ocupação antrópica nas zonas de vertente implica que se conheça a composição e as estruturas geológicas da área ocupada e ter parâmetros de previsão segura do comportamento dos materiais geológicos envolvidos. É necessário planear essa ocupação de forma a diminuir os riscos de acidente geológico. Algumas medidas de prevenção são:
    · Estudar as características geológicas e geomorfológicas de um local para avaliação do seu potencial de risco;
    · Elaborar cartas de ordenamento do território com definição de zonas habitacionais; agrícolas; ecológicas; com interesse em explorar recursos e vias de comunicação;
    · Elaborar cartas de risco ecológico onde se evidenciem as áreas com diferentes probabilidades de ocorrência de movimentos em massa
    · Remoção (1ª fig.) ou contenção (pregagens, muros de suporte, sistemas de drenagem, reflorestação, redes metálicas, etc.) dos materiais geológicos que possam constituir risco.

    A Geologia assume assim um papel fundamental, ao fornecer informações preciosas sobre os materiais e os processos e os seu comportamento quando sujeitos a interacção humana.

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