terça-feira, 28 de outubro de 2008

Diferenciação celular


Durante o crescimento de um organismo, as células sofrem um processo de diferenciação celular que as torna morfologicamente diferentes, adquirindo funções e estrutura diferentes (tornam-se células diferenciadas) apesar de terem a mesma informação genética.


A diferenciação celular envolve a expressão de determinados genes e a inactivação de outros. Por isso, há um controlo da expressividade dos genes que se pode fazer quer ao nível da transcrição quer ao nível da tradução, e que pode ser influenciado pelos elementos provenientes do ambiente. Um caso é o das metaplasias: mudanças reversíveis num determinado tipo de células que são substituídas por células doutro tipo, por exemplo, nos fumadores as células que revestem as paredes da traqueia e brônquios ficam desprovidas de cílios e com forma especifica para resistir melhor às agressões causadas pelo fumo. Os elementos do ambiente podem então activar a expressividade de determinados genes.

As células iniciais resultantes da divisão do ovo e certas células dos organismos adultos são indiferenciadas, podendo dar origem a células de qualquer um dos tecidos do organismo. Essa capacidade de poderem originar qualquer tipo de célula é conhecida por totipotência.

No ramo da investigação biológica utilizam-se as células totipotentes, estaminais ou células tronco na cultura de tecidos específicos (por exemplo: pele, músculo, nervo, ou órgãos completos que possam ser usados em transplantes). Este processo pode ser muito útil no combate a doenças.



Um outro processo que levanta mais problemas éticos é a utilização das células totipotentes para obter indivíduos geneticamente idênticos sem recurso a reprodução sexuada. Este processo designa-se de clonagem e os organismos originados a partir da célula inicial são clones.



Pode-se concluir que as potencialidades genéticas dos indivíduos superam largamente as características que eles expressam.


Saúde: Investigadores convertem células vivas em células produtoras de insulina


«Saúde: Investigadores convertem células vivas em células produtoras de insulina
Investigadores norte-americanos conseguiram converter células vivas normais em células capazes de produzir insulina, descoberta que pode ajudar a combater a diabetes, segundo um estudo publicado na revista "Nature".

Para este efeito, os investigadores utilizaram três genes de um vírus comum para transformar células exócrinas, que cobrem cerca de 95 por cento do pâncreas, em células beta, em menor número e cuja função é produzir insulina.
As células beta são as primeiras a serem destruídas nos diabéticos de Tipo 1 ou diabetes juvenil.
Na diabetes Tipo 1, o sistema imunitário, através de um processo auto-imune, destrói as células beta do pâncreas que, assim, deixam de produzir insulina.
Com esta técnica, os investigadores conseguiram modificar células vivas, sem necessidade de utilizar células-mãe as quais, até à data, têm sido indispensáveis na técnica de regeneração de tecidos.
O responsável pelo estudo, Douglas Melton, referiu que esta descoberta "abre as portas" para a manipulação de outro tipo de células humanas, como as do fígado ou da pele.
A grande dificuldade da investigação foi identificar os genes que fazem as células beta produzir insulina, já que, ainda que cada célula contenha o código genético completo, apenas certos genes trabalham para a produção de insulina.
(...)
A equipa acredita que este método possa ser mais eficaz nos diabéticos de Tipo 2, cujo organismo não é mesmo capaz de produzir insulina.
No caso da diabetes Tipo 1 ainda é necesario descobrir a forma de evitar que o organismo "ataque" as células beta, já que qualquer célula transformada é destruída pelo sistema imunitário. »
2008-08-28
Para ver artigo completo ir a http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=360763&visual=26&tema=2

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Regulação do ciclo celular e estabilidade genética

Regulação do ciclo celular



O ciclo celular anteriormente estudado obedece a rigorosos mecanismos de controlo que actuam fundamentalmente em três pontos: no final da G1, no final da G2 e durante a Mitose.




Na etapa G1, avalia-se se o DNA se encontra danificado ou não, caso não possa ser reparado dá-se a apoptose ou morte celular programada. Durante a apoptose ocorre a fragmentação da célula conduzindo à sua autodestruição.


Noutro caso, a célula pode entrar em G0 não voltando a dividir-se. As células podem permanecer em G0 durante muito tempo até à sua morte (por exemplo: neurónios), mas podem prosseguir o ciclo celular se forem devidamente estimuladas.


No final da G2 avalia-se se o DNA se replicou correctamente. Se tiverem ocorrido anomalias na replicação do DNA, se esta não tiver terminado ou se o DNA se apresentar danificado por radiações solares ou raios X, o ciclo é interrompido.


Na mitose, verifica-se a repartição dos cromossomas pelas células-filhas. Se não se estiver a efectuar de forma equitativa o ciclo é interrompido.


Estes sistemas de controlo podem falhar dando origem a cancro ou neoplasias malignas. Numa neoplasia a célula divide-se descontroladamente adquirindo características malignas. As células dos tumores malignos podem invadir os tecidos vizinhos ou espalhar-se por outras partes do corpo, ocorrendo a metastização.


Os sistemas de controlo são influenciados quer pelo meio interno quer pelo meio externo (fumo, poluentes, corantes e outras substâncias químicas). As radiações também podem fazer com que os mecanismo de reparação e de controlo não actuem.





Estabilidade genética


A estabilidade genética só é possível devido à replicação semiconservativa do ADN na fase S da interfase, que origina cromossomas constituídos por dois cromatídios unidos pelo centrómero. Isto permite que na anáfase ocorra a distribuição equitativa de cromossomas e, consequentemente, de ADN, para as células-filhas. Caso não ocorra nenhum erro, isto garantirá que no final na fase mitótica as duas células resultantes possuam o mesmo conjunto de genes e informação genética que a célula-original, garantindo assim a estabilidade genética através de gerações.






quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Nasceu bebé geneticamente seleccionado para salvar irmão

Achei esta notícia particularmente interessante, pois adequa-se perfeitamente na matéria anteriormente dada.



Nasceu bebé geneticamente seleccionado para salvar irmão

Nasceu em Espanha o primeiro bebé geneticamente seleccionado para curar o irmão que sofre de uma anemia muito grave – Beta Talassemia Maior. Javier, assim se chama o recém-nascido, é a última esperança para a cura de Andrés, de 6 anos.

Andrés sofre da mais grave forma de anemia congénita e a sua vida tem estado dependente, até agora, de constantes transfusões de sangue que originam a acumulação de ferro no coração. Uma situação que, na maioria dos casos, leva à morte. Para tratar a Beta Talassemia Maior é necessário realizar um transplante de medula com elevados níveis de compatibilidade. Durante o nascimento do bebé os médicos envolvidos no procedimento recolheram o sangue do cordão umbilical para nas próximas semanas realizar o transplante de medula óssea. As probabilidades de tratamento do jovem Andrés são elevadas.

Onde entra a necessidade de modificação genética? Uma vez que se trata de uma doença hereditária, era necessário ter a certeza que o bebé que ia nascer não sofria do mesmo problema. Depois de aprovado pela Comissão Nacional de Reprodução Assistida espanhola, os médicos utilizaram uma técnica que permite certificar a saúde do embrião antes de o transferir para o útero materno. O método não só permitiu a concepção de um bebé sem a enfermidade como também um dador totalmente compatível com o doente. Trata-se do primeiro caso realizado integralmente em Espanha. Tanto os médicos como os pais estão esperançados que a segunda parte do processo vai correr bem e que Andrés vai superar este momento.


14 de Outubro de 2008, RTP


Saúde - notícia

Saúde: Segredo da longevidade não se encontra nos genes


Uma longevidade excepcional não se explica por uma mutação genética mas por um modo de vida são, segundo investigadores espanhóis que analisaram os genes e a densidade óssea de um homem de 113 anos.
O paciente, que faleceu com 114 anos, vivia na Ilha Menorca, nas Baleares.
Segundo a análise genética efectuada pela equipa de investigação da Universidade Autónoma de Barcelona (....) associado à longevidade, não tinha sofrido no paciente qualquer tipo de mutação, tal como o gene KLOTHO, ligado a um bom nível de densidade óssea.
O esqueleto não estava deformado, a densidade óssea tinha um bom nível e o paciente nunca tinha tido qualquer fractura.
Os investigadores examinaram também o irmão do paciente, com 101 anos, duas das suas irmãs, com 81 e 77 anos e o seu sobrinho, com 85 anos, que também não tinham nenhuma mutação do gene LRP5.
Os investigadores não excluíram que outra mutação genética possa estar na origem da longevidade.


Os cientistas atribuem a excelente saúde desta família, em particular a do mais velho, à sua dieta alimentar mediterrânea, feita à base de tomate, peixe e azeitona, ao clima temperado da ilha e a uma actividade física regular.
Até atingir os 102 anos, o mais idoso da família andava de bicicleta todos os dias e tratava do pomar da família.


(...)


2008-05-08, RTP




Ciclo celular


Nos seres vivos, o seu crescimento, regeneração celular, ou reprodução (nos seres unicelulares) ocorrem devido à divisão celular. Este fenómeno tem, então, grande importância na vida de uma célula.
Ao conjunto de transformações que uma célula sofre desde o seu aparecimento até ao momento em que sofre divisão, e origina duas células-filhas geneticamente iguais, denomina-se ciclo celular, que compreende duas etapas fundamentais: a Interfase, e a Fase mitótica.


Interfase
A interfase corresponde ao período compreendido entre o final de uma divisão celular e o início da divisão celular seguinte. Durante esta fase os cromossomas encontram-se distendidos, não sendo visíveis ao microscópico óptico. A generalidade das células passa a maior parte da sua vida em interfase, que se divide em três períodos: G1, período S (de síntese) e G2.
G1 - período que decorre entre o fim da mitose e o ínicio da síntese de DNA. Caracteriza-se pela intensa síntese proteica (produção de proteínas estruturais, enzimas e RNA); formam-se organelos celulares. Consequentemente, dá-se o crescimento da célula.

Fase S - ocorre replicação semiconservativa do DNA. Ao DNA associam-se proteínas, passando cada cromossoma a ser constituído por dois cromatídios ligados pelo centrómero. Nas células animais, fora do núcleo, duplicam-se ainda os centríolos originando dois pares.

G2 - decorre entre final da síntese de DNA e início da mitose. Ocorre novamente a síntese de biomoléculas necessárias à divisão celular (ex. proteínas), provocando o crescimento celular.


No final da interfase, a célula atingiu o seu volume máximo e produziu todos os componentes necessários para entrar em divisão celular. Algumas células, como neurónios e células das fibras musculares, deixam de se dividir devido ao seu grau de diferenciação.


Fase mitótica (células eucarióticas)

Nesta fase ocorre a divisão da célula em duas células-filhas, que irão possuir o mesmo número de cromossomas da célula que as originou. Podem-se considerar duas etapas: mitose ou cariocinese (divisão nuclear) e citocinese (divisão física do citoplasma).

Na mitose podem-se distinguir 4 fases : profase, metafase, anafase e telofase.
Profase - os cromossomas condensam-se tornando-se mais grossos, curtos e visíveis ao microscópio óptico; cada cromossoma é constituído por dois cromatídios unidos pelo centrómero; na célula animal, os dois pares de centríolos começam a afastar-se em sentidos opostos, formando-se o fuso acromático ou mitótico, constituído por fibrilas de microtúbulos proteicos; nas células vegetais, é o citoesqueleto que organiza o fuso acromático; quando os centríolos atingem os pólos, o invólucro nuclear desorganiza-se e os nucléolos desaparecem.
Metafase - Os cromossomas atingem o máximo de condensação (máximo encurtamento), ligando-se pelo centrómero a algumas fibrilas do fuso acromático; os cromossomas alinham-se na zona equatorial do fuso acromático com os respectivos centrómeros alinhados, formando a placa equatorial; os cromossomas estão prontos para se dividirem.

Anafase - Os dois cromatídios do mesmo cromossoma separam-se pela cisão (clivagem ou divisão) do centrómero, formando-se dois cromossomas independentes; as fibrilas ligadas aos cromossomas encurtam e os dois cromossomas-irmãos iniciam a sua ascensão para os pólos (ascensão polar). No final desta etapa, os dois pólos da célula têm conjuntos equivalentes de cromossomas e, consequentemente, de DNA.

Telofase - Ocorre a reorganização celular: o invólucro nuclear organiza-se em volta dos cromossomas de cada pólo e os nucléolos reaparecem; o fuso acromático dissolve-se e os cromossomas descondensam-se, tornando-se longos e finos (invisíveis ao microscópio óptico). No final desta fase a célula possui dois núcleos, continuando a divisão do seu citoplasma para original duas células-filhas.


Este vídeo é uma pequena animação de como ocorre a mitose numa célula animal




Citocinese: inicia-se na anafase ou telofase, e diz respeito à individualização das células-filhas.

Nas células animais, a citocinese ocorre por estrangulamento do citoplasma: a membrana citoplasmática começa a deslocar-se para o interior do citoplasma devido à acção de um anel de filamentos proteicos (anel contráctil) que puxa a membrana para o interior, formando um sulco de clivagem. Este deslocamento continua até as membranas se unirem e originarem duas células distintas.

Nas células vegetais, a parede celular rígida não permite a divisão por estrangulamento. Neste caso, as vesículas derivadas do complexo de Golgi alinham-se na região equatorial da célula e fundem-se formando uma placa -fragmoplasto- em torno da qual se deposita, posteriormente a celulose originando-se assim as paredes celulares das células-filhas.
No final deste processo, uma célula deu origem a duas células-filhas que possuem cópias iguais do seu material genético e o mesmo número de cromossomas.

Estrutura dos cromossomas das células eucarióticas

Os cromossomas encontram-se no núcleo da célula, e são moléculas de DNA associadas a proteínas designadas histonas. As proteínas representam mais de 50% da totalidade do cromossoma, e são responsáveis pela forma física do cromossoma, regulando também a actividade do DNA que transporta a informação genética.

Cada porção de DNA associado às histonas constitui um filamento de cromatina. Estes filamentos encontram-se, quase sempre, dispersos no núcleo da célula.


Em alguns períodos da vida celular, cada cromossoma é formado por uma única molécula de DNA associada a proteínas, ou seja, um cromatídio. Noutros períodos, o DNA duplica e o cromossoma fica constituído por 2 cromatídios, ligados pelo centrómero.

Quando a célula se encontra em divisão, os cromossomas sofrem espiralização (condensação), originando filamentos curtos e espessos observáveis ao microscópio óptico. Na condensação o DNA enrola-se em torno das histonas formando nucleossomas, conduzindo à formação de cromossomas no seu estado mais condensado constituídos por 2 cromatídios.

Quando, pelo contrário, o cromossoma se apresenta distendido, é fino e de difícil visualização ao microscópio óptico.

Mutações génicas

Mutações génicas são alterações bruscas e imprevistas que ocorrem no material genético, e os indivíduos que as manifestam dizem-se mutantes. As mutações foram estudadas primeiro pelo botânico holandês de Vries e sobretudo pelo geneticista americano Thomas Morgan,

Essas alterações são mais frequentes durante a replicação semiconservativa do ADN. Esses erros na replicação do DNA devem-se à troca de nucleótidos, à sua adição ou à sua subtracção. Consequentemente, durante a síntese proteíca estas mutações geram proteínas anómalas (não funcionais) que conduzem ao aparecimento de novas características nos indivíduos que as possuem. Essas características podem ter efeitos letais, ou podem conferir vantagem ao indivíduo (raramente).

Se as mutações ocorrerem ao nível dos gâmetas (mutações germinativas), podem ser transmitidas à geração seguinte. Se as mutações ocorrerem nas células somáticas (corporais), não são transmissíveis à descendência.

No entanto, podem ocorrer mutações silenciosas que não provocam alterações nas proteínas, pois o codão mutado pode codificar o mesmo aminoácido (devido ao código genético ser reduntante). Noutros casos, o novo aminoácido pode ter propriedades semelhantes às do aminoácido substituído, ou essa substituição ocorre numa zona que não é determinante para a função da nova proteína.


Quais são os agentes mutagénicos?


As mutações podem ocorrer espontaneamente na Natureza ou serem induzidas por exposição a agentes mutagénicos. Estes podem ser:


  • Biológicos, como os vírus;

  • Físicos, como as radiações ultravioleta, gama, raios X;

  • Químicos, como o fumo do tabaco (nicotina) e as drogas;

Exemplos de mutações génicas



  • Albinismo (ver imagem)

  • Nanismo

  • Hemofilia

  • Anemia falciforme

  • Aniridia

  • Microcefalia

  • Aracnodactilia

  • Idiotia amaurótica infantil

  • Coreia de Huntington

A mutação como meio de evolução


As mutações podem conduzir à formação de proteínas com capacidades extremamente úteis, tanto na Natureza como em laboratório. Concluindo, as mutações também permitiram a evolução dos organismos e conduziram a uma grande diversidade de formas de vida (variabilidade genética).


Globalmente as taxas de mutações são mais baixas que a frequência dos danos no ADN pois todos os organismos têm sistemas de enzimas que reparam alguns erros.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Projecto Genoma Humano - Artigo

Notícias

O genoma humano é mais diverso do que se pensava
Estudos mostram que o código genético do homem pode apresentar variações em até 12% de sua composição
Edição Online - 23/11/2007

«A ideia de que o genoma de duas pessoas quaisquer é igual em 99,9% de sua composição acaba de ser oficialmente aposentada. Do ponto vista da genética, não somos tão idênticos quanto pensávamos. Cientistas confrontaram o código genético de centenas de indivíduos e descobriram diferenças significativas em até 12% dos 3 bilhões de pares de base (as famosas “letra químicas”) que compõem o genoma humano. Algumas pessoas têm cópias a mais ou a menos de certos genes e exibem grandes trechos de DNA repetidos ou apagados em seu genoma. A noção de que haveria um genoma humano padrão, que seria representativo de toda a espécie, não se sustenta mais.
Essa é a principal conclusão que se pode tirar de uma série de estudos publicados nesta semana nas revistas Nature, Nature Genetics e Genome Research. (…) A equipe internacional analisou o genoma de 270 pessoas de origem européia, africana ou asiática e conseguir mapear cerca de 1500 variações no número de cópias de grandes seqüências de DNA conhecidas pela sigla CNV (do inglês copy-number variations). “Cada um de nós tem um padrão único de perdas e ganhos de trechos inteiros de DNA”, diz Dr Matthew Hurles (...)
Os pesquisadores acreditam que essas grandes divergências resultam em diferentes níveis de expressão de certas proteínas, o que pode, no final das contas, explicar a heterogeneidade da espécie humana, estar por trás de características próprias a populações de diferentes etnias e ser a origem de muitas doenças

(...)


“Esse novo aspecto do genoma terá imenso impacto no futuro da pesquisa”, comenta o geneticista Emmanuel Dias Neto (...) “Fica cada vez mais claro que não existe ‘o’ genoma humano, mas sim ‘os’ genomas humanos. Estes CNVs foram muito importantes na formação da nossa espécie, e agora fica mais claro que eles são cruciais na formação da nossa individualidade molecular”, diz Dias Neto, hoje cientista visitante no MD Anderson Cancer Center, da Universidade de Texas.»



Para ver o artigo completo siga este Link: http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=3501&bd=2&pg=1&lg





Este artigo fala do Projecto Genoma Humano: O projecto foi fundado em 1990, com um financiamento de 3 milhões de dólares do Departamento de Energia dos Estados Unidos e dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, e tinha um prazo previsto de 15 anos. O objectivo do projecto era identificar, até o ano 2025, as sequências de genes e de DNA que codificam as características dos humanos. O Prémio Nobel de fisiologia e medicina James D. Watson, um dos descobridores da estrutura em hélice dupla do DNA, assumiu inicialmente a direcção do projeto.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Síntese Proteíca

Os vários tipos de RNA transcritos do DNA são responsáveis pela síntese de proteínas.

Existem três tipos de RNA:

  • RNA mensageiro (mRNA): migra para o citoplasma transportando a mensagem que estava contida num gene. Esse RNA funciona como mensageiro entre o DNA e os ribossomas, que fazem a leitura da mensagem para a síntese de proteínas. O RNAm representa cerca de 4% do RNA celular total.



  • RNA de transferência (tRNA): seleciona e transfere os aminoácidos para os locais de síntese, os ribossomas. Cada tRNA tem numa zona uma sequência de 3 nucleótidos, o anticodão, complementar de um dos codões do mRNA. O tRNA corresponde a 10% do RNA total da célula.




  • RNA ribossómico (rRNA): entra na constituição dos ribossomas participando na síntese de proteínas. O rRNA corresponde a 85% do RNA total da célula.



No mecanismo da Síntese de proteínas consideram-se essencialmente duas fases: transcrição e tradução.


Transcrição


A transcrição ocorre no interior do núcleo das células e consiste na síntese de uma molécula de RNAm a partir da leitura da informação contida numa molécula de DNA.


A transcrição inicia-se pela ligação da enzima RNA-polimerase à molécula de DNA, que abre a dupla hélice destruindo as pontes de hidrogénio que ligam as bases complementares das duas cadeias. Depois, a RNA-polimerase sintetiza uma molécula de RNAm de acordo com a complementaridade das bases azotadas. Após esse processo, a molécula RNAm separa-se da cadeia do DNA. As duas cadeias complementares voltam-se a ligar e a dupla hélice é reconstituída.


Como nem todas as sequências da molécula de DNA codificam aminoácidos, ao RNAm transcrito são retirados os intrões (sequências de nucleótidos que não codificam aminoácidos) e posteriormente unem-se os exões (sequência de nucleótidos que codificam aminoácidos) por acção de enzimas. Este processo considera-se a maturação ou processamento do pré-RNA que conduz à formação do RNAm maturo ou funcional que, posteriormente, migra para o citoplasma através do invólucro nuclear, fixando-se nos ribossomas.



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Tradução

A tradução ocorre no citoplasma, mais especificamente, nos ribossomas, e consiste na leitura da mensagem do RNAm, da qual resulta a produção de uma sequência de aminoácidos, que constituem a proteína.


As principais etapas da tradução são: iniciação, alongamento e finalização.


Iniciação


O RNAm migra para o citoplasma e fixa-se na subunidade pequena do ribossoma, nomeadamente na região de AUG, o codão de iniciação. O tRNA funciona como «intérprete» dessa mensagem, transportando o aminoácido metionina ligando-se ao codão de iniciação. A subunidade grande do ribossoma liga-se à pequena subunidade. O ribossoma está então funcional.


Alongamento

O anticodão de um novo tRNA transporta um segundo aminoácido na extremidade 3' e liga-se ao segundo codão por complementaridade. Estabelece-se então uma ligação peptídica entre o aminoácido que ele transporta e a metionina. Estas ligações implicam transferências de energia sendo catalisadas por enzimas. Como o código é degenerado, pode existir mais de um tRNA para o mesmo aminoácido. O ribossoma avança três bases e o processo repete-se ao longo do mRNA.

Finalização

Assim que ao ribossoma chega um codão de finalização, termina a síntese. A cadeia polipeptídica destaca-se. Os componentes do complexo de tradução separam-se mas as subunidades ribossomais podem ser novamente utilizadas.

No final da tradução resulta uma sequência de aminoácidos que, depois de sofrer transformações em diferentes organitos celulares (RER e complexo de Golgi), se torna numa proteína funcional capaz de desempenhar as suas funções, conferindo à célula que a produziu uma determinada característica.

A síntese de proteínas é um fenómeno complexo, rápido e muito amplificado. A amplificação (produção de múltiplas cópias da mesma sequência de aminoácidos) é devida a:

  • A partir de um mesmo gene de DNA, que pode ser lido repetidamente pela RNA-polimerase, podem resultar várias moléculas de RNAm iguais.
  • A mesma molécula de RNAm pode ser lida por vários ribossomas ao longo do seu comprimento, resultando a síntese de múltiplas cadeias proteicas idênticas.

Código genético


Foram feitas algumas investigações no sentido de decifrar o código genético mas foi o grupo de Gobind Khorana e Marshall Nirenberg que, em 1961, finalmente decifrou o código genético. Eles descobriram que cada conjunto de três nucleótidos do mRNA codificava um aminoácido, denominando-se codão. Isso, teoricamente, fazia sentido, pois um codão feito de um ou dois nucleótidos não poderia produzir combinações suficientes para codificar todos os 22 aminoácidos conhecidos. Mas um codão feito de três nucleótidos produz 64 combinações.
Fez-se então uma tabela do código genético:

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Vários dados relativos ao código genético permitem identificar algumas das suas características:



- Universalidade do código genético: este código genético adapta-se a qualquer tipo de organismo, dos mais simples aos mais complexos (mesmo vírus). No entanto conhecem-se algumas excepções, como é o caso de protozoários (ex. paramécia).

- O código genético é redundante ou degenerado: vários codões podem codificar o mesmo aminoácido (ex. CCU, CCC, CCA e CCG codificam o aminoácido prolina).

- O código genético não é ambíguo: a cada codão corresponde um e só um aminoácido.

- O terceiro nucleótido de cada codão não é tão específico como os dois primeiros.

- O codão AUG tem uma dupla função - é o codão que codifica o aminoácido metionina e é o codão de iniciação da síntese de proteínas.

- Os tripletos UAA, UAG e UGA são codões de finalização ou codões "stop" - são a instrução para a terminação da cadeia de síntese e não codificam aminoácidos.

É através do código genético que a informação contida na sequência de nucleótidos se expressa na sequência de aminoácidos das proteínas.



RNA

O RNA forma-se a partir do DNA sendo quimicamente muito próximo deste. Cada nucleótido de RNA contém um grupo fosfato, uma pentose (a ribose) e uma base azotada que pode ser a adenina, guanina, citosina ou uracilo (base de anel simples que pode formar duas ligações hidrogénio com a adenina. O RNA apresenta moléculas de dimensões muito inferiores às dimensões do DNA.

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Principais diferenças entre RNA e DNA:

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Apesar do DNA ser o suporte universal da informação genética, processos como a síntese de proteínas, fundamentais ao nosso metabolismo, não poderiam efectuar-se sem a intervenção do RNA.